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Bloco de divisa é simples, joga do programa com a fundação centrada, depois no CAD só dar um “move”.

Dimensionar blocos de divisa com essa mentalidade da certo? Podemos dormir tranquilos acreditando fielmente nas nossas concepções?

Infelizmente precisaremos te provar que não!

Na verdade, isso é extremamente perigoso no sentido de que pode gerar  sérias patologias, com possibilidades, inclusive, de condenar os elementos/edificações e ainda, eventualmente, condenar as obras vizinhas.

Vamos entender um pouco como isso funciona …

Fundações, sejam elas rasas ou profundas, quando necessitam ser executadas no limite do lote, isto é, na divisa entre o terreno do lote com o terreno do vizinho, são um desafio tanto para o projetista estrutural, quanto para o executor.

Formas diferentes de se abordar esse problema variam para fundações rasas e profundas. Nesse texto, vamos tratar, portanto, da abordagem das fundações profundas, que muitas vezes está associada a blocos de divisa.

1.0 – Definição do problema do dimensionamento de Bloco de Divisa

O início do problema se dá pelo fato dos equipamentos de perfuração não conseguirem se aproximar da região limítrofe para executar a estaca.

Justamente essa dificuldade introduz naturalmente uma excentricidade entre o eixo do pilar e o eixo da(s) estaca(s) de reação desse pilar. Uma limitação construtiva …

A princípio nós engenheiros, fazendo uma reflexão simplista, já percebemos que essa excentricidade junto com a carga do pilar deve ao menos gerar um momento fletor neste conjunto.

Até aqui tudo bem, mas muitos companheiros de profissão defendem a tese de que a estaca vai resistir essa flexão e está tudo bem e voltam a ideia do move do CAD.

Aqui vou ser sucinto e dizer que sim, a estaca tem capacidade para absorver esse esforço, desde que seja dimensionada para isso.

2.0 – Como dimensionar então uma estaca para resistir a momentos fletores?

Ha na bibliografia alguns métodos para se estimar a capacidade resistente de estacas sujeitas à esforços horizontais e momentos fletores. Destacam-se os métodos dos Elementos Finitos, Método de Winkler e o Matlock-Reese.

O último, é o método que adotamos em nossa planilha, por ser mais simplista tanto na utilização, quanto na aplicação.

Embora pareçam soluções definitivas para os problemas de modelagem de capacidade resistente de estacas, infelizmente as demasiadas simplificações e considerações adotadas nos métodos são fortemente influenciadas pelos parâmetros.

Porém à nível de engenharia, hoje em dia, é o que temos de melhor.

Uma ferramenta interessante que recentemente desenvolvemos é a planilha de Cálculo de Estacas submetidas à esforços horizontais, que resolve exatamente esse problema:

  • Calcula a resistência de estacas em relação à esforços horizontais e de momento fletor. Para mais informações, clique aqui.

3.0 – Vamos um pouco mais a fundo na mecânica do problema no Cálculo de Bloco de Divisa …

Tudo bem, até o momento sabemos que há uma tentativa de giro, ou seja, um momento fletor no macro conjunto formado pelo pilar, bloco e estacas.

Porém qual é o elemento central desse conjunto? O bloco de coroamento, certo?

E qual o comportamento dele nesta situação?

Será que é um comportamento similar a um bloco central, com tirante junto a base do elemento e com estribos horizontais e verticais de pequeno diâmetro?

É ai que mora o perigo. NÃO

Na verdade o comportamento dele está longe de ser assim. 

De maneira simplificada, o bloco nesse caso se assemelha mais ao um consolo, como representado na Figura 1, com tirante junto a face superior, necessidade de armadura de costura e outras peculiaridades.

bloco de divisa

Figura 1 – Esquema de um consolo curto

Onde Nk, Mk, e Vk são os esforços característicos soliciantes de normal, momento fletor e cortante, Fc é a diagonal comprimida do concreto, Rst é o esforço de tração proveniente do tirante, As a armadura resistente à tração, z o braço de alavanca do elemento, e d’ a posição relativa do centróide da armadura tracionada em relação a face superior do bloco.

4.0 – O que concluímos?

Nesse ponto o que deve-se questionar é o seguinte: o que mais é preciso para provar que a armadura do estribo horizontal do bloco centrado, não chega nem perto de resistir a esses esforços? E é nesse ponto que a solução move leva o bloco a ruptura chegando até a causar o escorregamento do pilar em relação a fundação.

  1. A configuração das armaduras é diferente,
  2. As bitolas serão diferentes,
  3. Os detalhamentos diferentes,
  4. Até mesmo onde o concreto vai ser solicitado é diferente ..

Portanto, caros engenheiros (as), durmam com tranquilidade em vossas respectivas residências, isto é, verifiquem a capacidade de suas estacas perante os esforços que estão submetidas.

Dimensionamento de estacas com momentos fletores e força cortante

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Eng. Marcus Nóbrega

Idealizador do projeto Engenheiro Planilheiro

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